“Hippolyte Léon Denizard Rivail, nome civil de Allan Kardec, reencarnou em Lyon, França, aos 3 de outubro de 1804, como filho de Jean Baptiste Antoine Rivail (juiz de Direito) e de Jeanne Louise Duhamel, ambos católicos.

Foi encaminhado a Yverdon, cidade da Suiça, aos 10 anos, aproximadamente, a fim de completar seus estudos, na então escola-modelo da Europa, que funcionava como internato, dirigida pelo célebre pedagogo Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827).

Aos 18 anos, retornou à França, fixando-se em Paris. Rivail dedicou-se à instrução e à educação durante aproximadamente trinta anos.

 Influenciado pelas ideias de Pestalozzi, também escreveu livros sobre a reforma do ensino.

Estudou, durante 35 anos, o magnetismo, adquirindo sólidos conhecimentos a respeito.

As 50 anos, o professor Rivail tomou conhecimento, pela primeira vez, da existência das mesas girantes e falantes, por meio do Sr. Fortier. Este o levou a uma reunião privada, de caráter sério, na residência da Sra. Plainemaison, Rivail confirma o que lhe haviam dito. Verificou que os fenômenos provinham de uma causa inteligente independente do médium.

Foi então que o eminente professor passou a comparecer a essas reuniões, movido pelo espírito de pesquisa, oportunidade em que formulava perguntas elaboradas por antecipação, algumas de cunho filosófico e científico.

Perto de 52 anos, pela primeira vez, Rivail tomou conhecimento oficial da sua missão de Codificador da Doutrina Espírita, por meio de uma comunicação espiritual. Foi na casa do Sr. Roustan, através da médium Japhet. O Espírito, que se autodenominou “Verdade”, disse-lhe: Confirmo o que foi dito, mas recomendo-te descrição, se quiseres sair-te bem. Tomarás mais tarde conhecimento de coisas que te explicarão o que ora te surpreende. Não esqueças que podes triunfar, como podes falir. Neste último caso, outro te substituiria, porquanto os desígnios de Deus não se assentam na cabeça de um homem.

Por ser o seu nome conhecido no mundo científico, em virtude de trabalhos anteriores, e podendo originar confusão, talvez mesmo prejudicar o êxito do empreendimento de formular a Codificação, adotou o pseudônimo de Allan Kardec, nome que, segundo lhe revelara o seu Orientador espiritual, ele tivera em uma reencarnação recuada.

Na busca da Verdade, Kardec utilizou-se do método intuitivo-racionalista, divulgado por Pestalozzi.

Foi com base nessa metodologia, observada com rigor científico, que Kardec compilou e codificou as cinco obras básicas do Espiritismo.

Kardec fundou, em Paris, a 1º/Jan/1858, a Revista Espírita, palco de maturação e divulgação das ideias espíritas e, a 1º/Abr/1858, a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, onde, durante mais de onze anos, com o concurso de estudiosos e cientistas de renome, se dedicou à pesquisa e ao estudo dos fenômenos psíquicos.

Passada a fase da curiosidade dos fenômenos, o Espiritismo foi muito perseguido, de todas as maneiras. Destaca-se, entre as perseguições, a inclusão das obras espíritas no Index Librorum Prohibitorum (Em 1º-5-1861, as obras espíritas codificadas por Kardec também foram incluídas no rol dos livros proibidos ou censurados, pela Igreja Católica, como forma de combater a doutrina nascente) e a queima de livros espíritas na Espanha, pela Igreja Católica, no famoso episódio conhecido por Auto-de-fé de Barcelona.

Depois de intensa atividade, à qual se dedicou com amor, lealdade, afinco e esforço heroico à causa, Allan Kardec desencarnou, com 65 anos incompletos, a 31 de março de 1869.”

Christiano Torchi. Espiritismo passo a passo com Kardec. 2011. Item 4. pág. 93.